PALAVRAS NÃO RESOLVEM PROBLEMA DE SAÚDE EM TATUÍ

Nesta foto, o vereador Antonio Marcos de Abreu, então presidente da Câmara, deu esperança ao dr. Alcir Ferrari. Ele garantiu que a Câmara destinaria R$ 500 mil para funcionar a hemodiálise. Depois de uma conversa com o prefeito, não se falou mais nisso, contou um assessor da Prefeitura ao Jornal Integração.

Em curto espaço de tempo (uma semana), o prefeito Miguel Lopes trocou dois secretários de Saúde. E, tudo leva a crer que agora fique no cargo a veterinária Fabiana de Cássia Saraiva Grecchi.

Quando o ex-prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo assumiu, pela  primeira vez, a intervenção na Santa Casa de Misericórdia de Tatuí, o interventor escolhido foi Antonio Marcos de Abreu, hoje vice-prefeito de Tatuí. Na época, apreensivo com a repentina escolha, Marquinho disse ao diretor do Jornal Integração: – “Você viu o “abacaxi” que o Gonzaga arrumou para mim?”. A resposta foi simples: – Não é um “abacaxi”, é apenas um desafio !. E ele se convenceu com essa resposta, superou essa difícil empreitada e colocou a Santa Casa nos trilhos, como sempre apregoa. Seu trabalho na direção do hospital, o levou a ser eleito vereador. Ao vencer cruciais desafios no hospital que atende pacientes do SUS, sua atuação foi tão promissora, que passou a utilizar em suas propagandas eleitorais os “slogans” Marquinho da Santa Casa e Marquinho da Saúde.

 Na atual gestão, vice-prefeito eleito, Antonio Marcos está presente e  ativo na atual administração. Posta vídeos de seu trabalho nas redes sociais, principalmente quando atua nas vias públicas de Tatuí. A maioria das suas ações, fiscaliza a limpeza do mato que invadiram as ruas. No início da atual administração (janeiro), tanto o prefeito, como seu vice-prefeito, mostrava, em vídeos, que recuperavam a cidade de uma situação caótica em que se encontrava o centro e os bairros, deixada pela administração anterior.

Nestes dias presentes, quando um “verdadeiro inferno” se instalou na área da saúde de Tatuí, com falta de medicamentos básicos para a população, atendimento precário na UPA, reclamações de munícipes em todos os cantos da cidade, Câmara Municipal rejeita requerimento para que secretário municipal explique o descalabro reinante. Tudo veio por água abaixo para o prefeito Miguel Lopes. E não por falta de arrecadação de impostos. O IPTU começou a ser pago dia 15 de março. Em janeiro, a municipalidade recebeu metade do pagamento IPVA, da frota de veículos existente em Tatuí. Semanalmente, às terças-feiras, a Prefeitura recebe do Governo do Estado, os repasses obrigatórios do ICMS (um volume considerável). Apesar de reclamar de precatórios, o prefeito Miguel Lopes, em suas aparições diárias, em vídeos nas redes sociais, descreve uma Tatuí perfeita, alinhada com o desenvolvimento e com índice de emprego invejável para cidades da região. Essa propaganda política, atribui todos os louros à sua excelente administração no “Palácio do Mangueirão”. E o vice-prefeito Antonio Marcos de Abreu, pela influência que demonstra ter na atual administração – e quer alçar voos políticos mais altos – com certeza, participou da escolha da veterinária Fabiana Grecchi, como  nova secretária da Saúde.

Em seu pronunciamento, através da imprensa local, a secretária Fabiana Grecchi disse somente o óbvio sobre áreas que desafiam a competência e a criatividade da atual administração: atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), prestação de serviço, de forma ideal, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), na Rua Domingos Bassi, ação das Unidades de Saúde Estratégica da Família, Núcleo de Atendimento ao Paciente com Câncer, Centro de Especialidade Odontológica e, o ponto nevrálgico de atendimento à população, o Centro de Especialidades Médicas (CEMEM), na Rua São Bento, esquina com o “Jardim Junqueira”. E nesta unidade de saúde, pelo que consta, a única mudança significativa, durante cinco meses de mandato, foram as mãos de direção das ruas paralelas ao CEMEM. Mudanças que provocaram multas, acidentes, reclamações e a indignação dos moradores da região.

A velha desculpa, que já se torna marca registrada da atual administração, é atribuir o problema ao cidadão. Como se parte deles são relapsos, faltam ao atendimento médico e não informam as unidades de saúde.

A secretária Fabiana Grecchi explica na entrevista que, no mês de abril,  do total de 20.655 pacientes agendados nas unidades primárias de saúde, ocorreram 5.649 faltas (27%) e 9.409 encaixes (demanda espontânea acolhida)”.

Estamos na era da informática e da Inteligência Artificial (IA). Tudo evolui para a era digital, até jornais. Velhos padrões são deixados para o passado. No entanto, parece que a Prefeitura de Tatuí regride e não utiliza os meios apropriados para contornar essa questão.  Nos hospitais organizados da região, com a facilidade do celular e redes sociais, consultas pré-agendadas, são confirmadas pelo meio digital, com antecedência.  Os pacientes que vão ocupar a vaga pré-agendada no atendimento médico, reconfirmam suas presenças. A mensagem eletrônica lembra a data do agendamento, informa o horário e solicita a confirmação. Pelo depoimento da secretária, sua pasta está deficitária e não utiliza os dispositivos de informática para resolver essa simples questão. E, pelo que observa, a administração municipal preocupa-se, com rigor, com o Setor de Tributação da Prefeitura de Tatuí. É um setor arrecadador bem organizado, lembra o contribuinte com precisão e envia avisos de cobranças e atrasos dos pagamentos de IPTU e Taxas municipais.

Quanto aos medicamentos, as declarações da secretária na entrevista, apenas tentam “tapar o sol com peneira”, como diz no jargão popular. Se existe judicialização para entrega de medicamentos a pacientes, é porque o serviço está falho e o cidadão necessita recorrer ao Poder Judiciário, para que a Prefeitura obedeça a norma constitucional: “A saúde é um direito de todos e um dever do Estado”. E, ao se reportar aos exames de imagem (ultrassom, raio-X e tomografia), diz: “fazemos com muita rapidez, e isso precisa ser valorizado”. Se este fosse um ponto positivo da administração Miguel Lopes, os vereadores não precisavam gastar rios de tinta para reclamar da demora no atendimento de exames. Há menos de um mês, uma senhora queixou-se para a reportagem que “estava trabalhando com o pulso quebrado e esperava há oitos meses para fazer uma tomografia”.

E não são só esses problemas rotineiros com a saúde pública. Tatuí envia cerca de cem pacientes para fazer o complexo tratamento de hemodiálise. Durante três dias por semana, para manter suas vidas, esses cidadãos passam por filtragem do sangue, por um período de quatro horas, em uma máquina.

No Jardim Thomas Guedes, em Tatuí, o médico nefrologista Alcir Weller Ferrari edificou um moderno centro de hemodiálise, investiu cerca de R$ 4 milhões na cidade e até agora não conseguiu fazê-lo funcionar. No ano passado, o Ministério da Saúde depositou R$ 500 mil na conta bancária da Prefeitura, a pedido de Alexandre Padilha, e verba de R$ 300 mil, enviada através de emenda parlamentar, providenciada pelo deputado Federal Carlos Zarattini (PT). Os pedidos foram feitos por Glaúcia e sua filha, advogada Carla Moura, correligionárias do deputado na cidade. Esse parlamentar não possui base política em Tatuí. Foi eleito com cerca de quase 300 mil votos para a Câmara dos Deputados. Após o seu ato benevolente e concretizar os depósitos no cofre da Prefeitura, Zarattini veio à Tatuí, concedeu uma entrevista à Rádio Notícias, na frente da clínica, e fez uma observação: “Espero que a Prefeitura invista esses valores para funcionar a clínica de hemodiálise”.

Encerrou o ano administrativo de 2024, o prefeito Miguel Lopes e seu atual vice Antonio Marcos de Abreu não fizeram nada acontecer. Dr. Alcir Ferrari enviou ao prefeito, um protocolo de intenção, necessário para o funcionamento da clínica. Segundo consta, bastava a assinatura do prefeito para iniciar os preparativos de funcionamento  da clínica. A empresa Nefrotat, para iniciar sua atividade, necessita de garantia para alocar mais investimentos.  E só depende de um convênio, a ser firmado com a Prefeitura. Ao que tudo indica, este protocolo enviado pela Nefrotat, deve estar jogado em alguma gaveta no Paço Municipal. No período eleitoral, o então vereador Antonio Marcos de Abreu, para justificar a falta de assinatura, repetia tal qual um papagaio: Quero que provem que essa verba foi enviada para a hemodiálise”! Se não existia a assinatura do protocolo de intenção, as únicas provas existentes eram a vontade política de Alexandre Padilha, agora ministro da Saúde, e a entrevista do deputado Carlos Zarattini, informando que enviou o dinheiro para ser utilizado no tratamento de doentes renais crônicos, na clínica de Tatuí. O problema ainda persiste. Os doentes renais continuam seus tratamentos fora de Tatuí, a clínica ainda está fechada e não há nenhuma ação efetiva de o prefeito Miguel Lopes dar uma solução ao problema. Para relembrar.  Em uma das sessões de Câmara, em que os debates se acaloraram sobre o tema hemodiálise, o vereador-presidente Eduardo Sallum (PT), disse que a Prefeitura gastava R$ 1,2 milhão mensais, com transporte de pacientes para outras cidades.

Agora, em seu pronunciamento público, diz a nova secretária ao jornal local: “Pensemos na saúde como uma pirâmide: na base, temos o que chamamos de atenção básica, que são as UBS (unidades básicas de saúde), onde o principal papel é trabalhar com prevenção e o atendimento das pessoas onde elas moram, para que isso não gere o agravamento da saúde delas”.

Na verdade, a realidade da saúde é outra em Tatuí. Um executivo, formado pela FGV/SP, há alguns anos, disse que “o que falta para Tatuí é uma política de Saúde pública”. Essa política, a ser implementada, compõe de um conjunto de estratégias, diretrizes que abrangem diversas áreas, para garantir um bom serviço de saúde à população. E a implementação dessas políticas não se faz com apenas a troca de um secretário. O plano requer política que envolve a articulação de diferentes áreas, como saúde, educação, assistência social, habitação e planejamento urbano. Com medidas bem arquitetadas, promove hábitos saudáveis, previne a ocorrência de doenças e reduz a carga de doenças crônicas não transmissíveis.

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