SECRETÁRIA DA CULTURA SERÁ A RESPONSÁVEL PELO DESTINO DO CONSERVATÓRIO DE TATUÍ

.Secretária Marília Marton e governador Tarcísio de Freitas.

         A secretária Marília Marton, da pasta estadual da Cultura, criou uma comissão para ouvir profissionais e alunos que atuam no Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”, de Tatuí, para obter subsídios e elaborar um edital de chamamento, para escolher uma gestora para a escola de música, por um período de 10 anos (2026 a 2036).

Em decorrência do término do contrato de gestão, em 2025, firmado no governo do PSDB, com a O.S. Sustenidos, a titular da Cultura nomeou uma comissão, composta pelo músico Paulo Braga, Arcádio Minczuk e Ana Paula, esta última anota os diálogos, realizados de forma on-line. Desde o dia 12 de maio, com término previsto para esta segunda-feira (19), a comissão dialoga com a  coordenação pedagógica, professores e alunos bolsistas do Conservatório.  Do cronograma oficial, consta 25 reuniões, com a participação de representantes de todas as áreas de aprendizado musical.  E, ao se findar o trabalho de coleta de opiniões, a comissão deve elaborar um edital de chamamento, para nortear a disputa das propostas das candidatas a gestora do Conservatório.

A comissão é composta pelo professor Paulo Braga, Arcádio Minczuk e Ana Paula. Braga formou-se em piano em Tatuí, foi professor do Conservatório e criou o curso de Música Popular Brasileira (MPB) na escola. Arcádio toca oboé, cursou a Escola Municipal de Música de São Paulo (EMMSP) e integra a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), desde abril de 1981. Segundo consta, Ana Paula atua na redação das atas dos comentários entre os participantes e pouco interfere nas entrevistas. Segundo consta, durante os debates, as críticas foram para a extinção dos cursos de musicalização e iniciação musical. Estas áreas constam do projeto pedagógico do Conservatório e permitiam que alunos de 4 a 8 anos tivessem a oportunidade de cursar uma grande escola de ensino musical, como é considerado o Conservatório de Tatuí. Extraoficialmente, uma fonte revela que houve críticas ao desprestígio aos profissionais de música, por parte da atual gestora, e alunos reclamaram da falta de monitores e professores, participando dos grupos musicais, para execução de repertórios de alto nível, principal proposta da escola.

Convocação da atual gestora

A atual gestora, a Organização Social “Sustenidos”, se incumbiu de convocar os grupos para serem ouvidos pela comissão. Um memorando interno, expedido dia 13 de maio, Dia da Libertação dos Escravos,  um  trecho  ressalta: “Encorajamos a participação de todos (as) para que haja o máximo de aproveitamento neste importante momento de escuta”.

 A Sustenidos, no período em que atua no Conservatório. sempre foi arredia a dar respostas satisfatórias de seus atos à Câmara Municipal de Tatuí. Agiu de forma unilateral na dispensa de antigos professores e colaboradores, praticou mudanças drásticas na área administrativa e desobeceu um decreto do governo Abreu Sodré, de 1971, ainda em vigor, que traça as diretrizes do CDMCC. Especialistas em música clássica, entendem que o Conservatório, na atualidade, nunca experimentou tamanho ostracismo no cenário artístico e musical brasileiros.

Uma mudança desnecessária

Na gestão de João Dória, do PSDB, Sérgio Sá Leitão foi nomeado titular da Secretaria Estadual de Cultura do Estado de São Paulo. A partir dessa gestão e rompimento prematuro de um contrato com O.S. Abaçaí houve uma nova licitação. Na ocasião,  Conservatório era dirigido por Ari Araújo Júnior, único representante da Organização Social Abaçaí enviado para Tatuí. Não houve mudanças no quadro administrativo e todos que restaram em seus empregos, ainda da administração pós Neves, seguiam suas vidas dentro da normalidade.  Na proposta aprovada da Sustenidos, constava a dispensa de setenta monitores e a extinção dos 53 grupos musicais pedagógicos profissionalizantes. Estes grupos musicais só contariam com a participação de alunos. A iniciativa desta OS colocou abaixo o modelo diferenciado de ensino do Conservatório.

A informação da dispensa de 70 profissionais causou apreensão na classe política e na comunidade. A prefeita Maria José Vieira de Camargo, já falecida, sensibilizada com a grave situação, reuniu-se com o secretário Sá Leitão, em São Paulo, e exigiu uma explicação. A alegação era falta de verba para o Conservatório. Com seu modo determinado de agir, e com o apoio dos deputados Samuel Moreira (federal) e Damaris de Moura (estadual), a prefeita conseguiu verba extra de R$ 3 milhões para a Sustenidos gerenciar o Conservatório. Essa iniciativa, próprio de quem defende os interesses de Tatuí, evitou o desemprego do maior número de músicos profissionais de uma só vez. jamais visto nas escolas de música do Brasil.

O carioca, secretário Sá Leitão, diante do impasse, compareceu na Prefeitura de Tatuí, para tentar explicar o que ocorria com o Conservatório. O então vereador Antonio Marcos de Abreu, hoje vice-prefeito, entregou uma proposta por escrito, ao titular da Cultura, para tentar devolver o Conservatório no  trilho da história da cidade de Tatuí. A reunião foi tão tensa, que Sá Leitão se irritou com uma interpelação feita pelo vereador petista Eduardo Sallum. Seu destempero emocional foi tão grande, que o secretário quis “sair no tapa” com o parlamentar, sendo contido pelos presentes.

Não houve meio de

 evitar a derrocada do CDMCC

Ao assumir a gestão, a Sustenidos não se alinhou com o método pedagógico que geria a escola e levou o Conservatório a uma derrocada. Uma prova irrefutável de sua atuação, é que nunca, nos setenta anos de funcionamento da escola, a Secretaria Estadual da Cultura necessitou convocar uma comissão de músicos para preparar o edital de chamamento para escolha da futura gestora. A administração do CDMCC sempre agiu de forma exemplar, e se destaca a direção da escola pelos  tatuianos José Coelho de Almeida e Antonio Carlos Neves Campos, já falecidos.

 A partir dessa iniciativa da secretária Marília Marton cria-se mais uma expectativa em relação ao Conservatório. A disputa pela gestão de dez anos (2026-2036) vai devolver o Conservatório à realidade de quem sempre ostentou, como a “melhor escola de música da América Latina”? E à Tatuí e sua população, o orgulhoso bordão de “Capital da Música”?

No link abaixo, a convocação e o cronograma de audiências

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