“AINDA ESTOU AQUI” – Marcelo Rubens Paiva
TATUIANOS PARTICIPAM DO
TEATRO DE OPERAÇÕES NA ITÁLIA
Tatuí 25/4/1945 – Na quinta-feira, dia 8 de maio, o mundo comemora o “Dia da Vitória”, data que relembra 80 anos da rendição completa dos exércitos nazifascistas para as tropas aliadas na “2ª Guerra Mundial” (1939/1945). Novas gerações não devem saber, mas soldados e oficiais da Força Expedicionária Brasileira (FEB), foram convocados também em Tatuí e cidades da região. Eles combateram na considerada página mais sangrenta da história recente da humanidade. Durante seis anos, o conflito mundial, provocado pelo nazista Adolf Hitler, da Alemanha (Terceiro Reich), Hirohito, do Império do Japão o pelo Império Italiano, comandado pelo fascista Benito Mussolini, pode ser considerado o mais letal do mundo. Foram dizimadas de 50 a 70 milhões de pessoas, incluindo o Holocausto, que matou 6 milhões de judeus em campos de concentração na Europa.
Grandes potências mundiais, entre elas os Estados Unidos da América (EUA), liderado pelo presidente Frankin D. Roosevelt, Inglaterra, por Wiston Churchill, Josef Stalin, da Rússia, e Chiang Kai-Shek, da China, se uniram para livrar o mundo de um império nazifascista. O denominado forças do Eixo, já dominavam países europeus, dentre eles a França, Bélgica, Polônia, Holanda e tantos outros que não resistiram à fúria dominadora de Hitler.
TATUIANOS COMBATEM NA ITÁLIA
Tatuianos foram convocados para formar a Força Expedicionária Brasileira (FEB), a parir de 1942, depois que navios mercantes brasileiros foram afundados por submarinos alemães. Com 25 mil combatentes, conhecidos como “pracinhas”, o teatro das operações beligerantes do Brasil foi na Itália, na região de Monte Castello, Belvedere, Florença, Pistóia e região. Na Praça Paulo Setúbal, em frente a EE “João Florêncio”, está instalado um Monumento à FEB, para eternizar na história da cidade, os heróis tatuianos. Marcado a fogo no bronze, estão os nomes dos expedicionários Alcides Gianoti Ferrielo, Amador Vieira, Antonio Moroni, Benedito “Ramona” Araújo, Benedito Mendes de Almeida, Bolívar Conceição, Evilásio Camargo, Florindo Antunes Machado, Francisco Matias, Francisco Mendes da Costa, Frank Barbosa Carneiro, João Arruda Rodrigues, João de Oliveira, João Soares de Oliveira, Joaquim Bueno de Souza, José Fernandes da Silva (morto em combate, em Collechio), Paulo Lopes Rolim, Reinaldo Rolim, Roque Rosa e Silvio Silvério de Lima.
José Fernandes da Silva, conhecido como “Juquita”, foi o único que não voltou para Tatuí. Morreu em combate no dia 29 de abril de 1945, na batalha de Collechio, último dia da guerra na Itália. O tatuiano entrou em combate em 1944 e participou de todas as batalhas travadas pelo 6º Regimento de Infantaria, de Caçapava. Foi sepultado com honras militares no Cemitério de Pistóia (Itália), hoje, denominado “Monumento Votivo de Pistóia”. Seus restos mortais agora repousam, com outros 464 militares, no Mausoléo da FEB, no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Em 1960, no governo democrático do presidente Juscelino Kubitschek, o marechal Mascarenhas de Moraes, comandante da Força Expedicionária Brasileira na Itália, na inauguração do monumento, disse: – “Eu os levei para o sacrifício. Cabe-me trazê-los de volta”.
Monumento em Tatuí – Em novembro de 1990, para homenagear os vinte pracinhas tatuianos, que lutaram na Europa, para garantir a democracia, liberdade e igualdade entre os povos, o ex-prefeito Wanderley Bocchi, já falecido, inaugurou um obelisco à FEB, na Praça Paulo Setúbal, em Tatuí. Este monumento foi instalado através de matéria-sugestão, publicada pelo Jornal Integração, a pedido do pracinha Sílvio Silvério de Lima ao jornalista José Reiner Fernandes, editor do semanário tatuiano. Em seu apelo ao jornalista, Sílvio conclama o jornal a se posicionar e disse que todos os pracinhas estavam morrendo e Tatuí ainda não tinha tomado nenhuma iniciativa para marcar seus nomes na história da cidade. A matéria, publicada na primeira página, induziu o prefeito Wanderley Bocchi a prestar essa justa homenagem. O projeto do monumento foi de autoria de Joaquim de Campos, conhecido como “Quinzinho Neves”.
Significado do monumento – Na ocasião, o sr. Quinzinho explicou ao Jornal Integração, que o monumento simboliza duas mãos que saem do chão e clamam a Deus para que episódios como esse não mais se repitam. Nele está inscrito, em bronze, o reconhecimento e gratidão aos combatentes e aparecem seus nomes. Na mensagem, Tatuí demonstra seu apreço à liberdade:
“Tributo de respeito e reconhecimento aos ex-combatentes tatuianos da FEB – Força Expedicionária Brasileira – que, na 2ª Guerra Mundial, com heroísmo e destemor, defenderam nos campos da Itália, os ideais de democracia e liberdade”.
HOMENAGENS AOS PRACINHAS BRASILEIROS NA ITÁLIA
Entre 23 e 25 de abril de 2025, ocorreram as cerimônias alusivas aos 80 anos da chegada da Força Expedicionária Brasileira (FEB) ao teatro de operações peninsular. As cerimônias em diversas cidades marcaram a participação dos pracinhas em favor da libertação italiana do nazifascismo. Felonica, Santa Maria a Monte, Staffoli, Pistoia, Porreta Terme. Gaggio Montano, Guanella, Barga e Montese foram algumas das cidades percorridas pelo Ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Amaro Santos e por comitivas do Congresso Nacional, do Superior Tribunal Militar, do Comando do Exército, chefiada pelo comandante general Tomás Paiva, de associações ligadas à memória da FEB e de familiares dos ex-combatentes. Em Pistoia, no dia 23/4, o Embaixador Renato Mosca acompanhou a cerimônia organizada no Monumento Votivo Militar Brasileiro, uma importante homenagem aos nossos pracinhas. (Texto publicado pela Embaixada do Brasil em Roma)
FOTO DA HOMENAGEM PRESTADA AOS MILITARES BRASILEIROS NA ITÁLIA. EVENTO FOI REALIZADO NO CEMITÉRIO DE PISTOIA, HOJE, MONUMENTO VOTIVO DE PISTOIA.

