NATAL NÃO FOI SÓ MAGIA EM TATUÍ – JORNAL INTEGRAÇÃO ON-LINE – 30/12/2025

Postagem 30/12/2025 – 11h15

RAPAZ ABATIDO A TIROS PELA POLÍCIA MILITAR

Dia 22 de dezembro, durante a madrugada, Maycon Douglas Marcelino Alves dos Santos, 22 anos, foi abatido a tiro por  policiais militares, na Rua Saladino Simões de Almeida, Jardim Rosa Garcia, em Tatuí. Segundo consta, o rapaz dirigia um Hyundai Veloster, foi perseguido pela viatura policial e bateu o veículo em um poste. Na Delegacia de Polícia de Tatuí, o delegado Renan Estanagel de Barros, ao lavrar o boletim de ocorrência, assim se pronunciou:Trata-se de fato ocorrido durante intervenção policial envolvendo policiais militares, os quais, no exercício regular de suas funções, realizaram acompanhamento de veículo suspeito, cujo condutor empreendeu fuga, culminando em confronto armado e posterior óbito do indivíduo envolvido. Conforme se extrai do histórico da ocorrência, após perseguição policial e colisão do veículo conduzido pelo autor/vítima, este evadiu-se a pé, segurando objeto na região da cintura, vindo a se esconder em local ermo. No momento da abordagem, o indivíduo realizou gesto brusco, colocando as mãos na cintura e simulando portar arma de fogo, circunstância que levou os policiais militares a acreditarem, de forma plausível e imediata, que estavam diante de ameaça atual e iminente à sua integridade física, razão pela qual efetuaram disparos de arma de fogo. Tal conduta amolda-se, em juízo de cognição sumária próprio desta fase inquisitorial, à excludente de ilicitude da legítima defesa, na modalidade PUTATIVA, prevista no artigo 20, §1º, do Código Penal. A legítima defesa putativa ocorre quando o agente, por erro plenamente justificável pelas circunstâncias do caso concreto, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria legítima a sua conduta. No presente caso, a simulação de estar armado, aliada ao contexto de fuga, comportamento agressivo e local de difícil visualização, configurou erro escusável quanto à existência de agressão injusta e atual”.

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ASSALTOS, FURTOS DE VEÍCULOS E ACIDENTES COM VÍTIMAS FATAIS

Nesta semana, a magia do Natal não foi promissora para muitas famílias de Tatuí. Dia 24 de dezembro, 2h30, uma mulher acordou com um assaltante dentro da sua casa, na Vila Dr. Laurindo. Ameaçada e agredida, e por não ter dinheiro, a vítima entregou cartões de bancos e senhas ao marginal. Na véspera do Natal, outro fato com violência ocorreu ao lado da Igreja São José Operário, na Vila Esperança. No período da tarde, um jovem de 20 anos foi abordado por um indivíduo na via pública. Após agressões por parte do assaltante, a vítima desferiu um golpe de canivete e atingiu o autor na região lombar. Depois de registrar o fato na Delegacia de Polícia de Tatuí, no boletim consta o nome do envolvido e o caso deverá ser esclarecido pela polícia. Também houve furtos de veículos, residências, agressões a mulheres, pessoas vítimas de acidentes e sepultadas em Tatuí.

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MORTE DE ATOR MOBILIZA AMIGOS E REDES SOCIAIS

Dia 24 de dezembro, a morte de Kaio Alexandre dos Santos Matias, 22 anos, mobilizou amigos e repercutiu nas redes sociais. O caso do jovem é apontado como suposta falha no atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), de Tatuí. No seu atestado de óbito consta que a morte foi “por causa indeterminada, fratura no 5º dedo do pé direito e obesidade”. A rapaz estudava teatro e almejava um grande futuro para sua carreira, relata um amigo. No entanto, um atendimento supostamente precário na UPA, teria provocado sua morte. Apesar de o caso ter grande repercussão em Tatuí, a Prefeitura Municipal parece ter ignorado o fato e não houve nenhum pronunciamento oficial sobre o episódio.

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FALECIMENTOS EM TATUÍ

07/12 – Airton Copertino Ferreira, 67 anos.

21/12 – Nilton Luiz Gaiotto, 73 anos. 

21/12 – Gustavo Henrique Alves de Oliveira, 24 anos. 

22/12 – Maycon Douglas Marcelino Alves dos Santos, 22 anos.

22/12 – Luis Paulo Costa, 37 anos.

23/12 – Manoel Molina Castilho, 86 anos. 

16/12 – Leandro Aparecido Machado, 43 anos.

22/12 – Frederico Oliveira Azevedo, 35 anos. 

27/12 – Márcio José Tosti, 42 anos.

25/12 – Idero Braga, 78 anos.

24/12 – Kaio Alexandre dos Santos Matias, 22 anos.

25/12 – Eni Lopes de Sousa, 66 anos.

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2026- BICENTENÁRIO E CENTENÁRIO DE FATOS MARCANTES

Estamos no findar de 2025 e inicia-se a contagem regressiva para o Ano Novo.  Dia 11 de agosto, Tatuí completa seu Bicentenário de emancipação política. Dos 200 anos, o Jornal Integração, durante 50 anos (25%), registrou a biografia de oito prefeitos. No site www.jornalintegracao.com.br, no Menu, o jornal de Tatuí disponibiliza centenas de edições digitais para consultas. Em 1976, no “Sesquicentenário de Tatuí” (prefeito Paulo Ribeiro), o jornal participou ativamente da comemoração. Publicou a edição N. 17 (foto), com tiragem de 10 mil exemplares. Nessa edição histórica, divulgou a verdadeira história do município e seus principais personagens.  Abaixo alguns fatos que marcam a História do Brasil.

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Bicentenários do BRASIL em 2026 (1826 → 200 anos):

PERÍODO MONÁRQUICO

 • O acordo que encerra formalmente a ruptura e reconhece a Independência do Brasil é o Tratado do Rio de Janeiro, também chamado Tratado de Paz, Amizade e Aliança, assinado no Rio de Janeiro em 29 de agosto de 1825 (com mediação britânica). Embora tenha entrado em vigor em 15 de novembro de 1825 (troca das ratificações), ele foi promulgado/mandado observar no Brasil por decreto em 10 de abril de 1826.  

6 de maio de 1826 — abertura da 1ª Legislatura da Assembleia Geral (Câmara + Senado), marco de instalação efetiva do Parlamento do Império e do processo legislativo regular.

 • 11 de setembro de 1826 — Lei de 11/9/1826: determina que sentenças de pena de morte não sejam executadas sem prévia apresentação ao Poder Moderador (tema central do constitucionalismo imperial).

 • 11 de setembro de 1826 — Decreto de 11/9/1826: mantém em vigor normas sobre abusos da liberdade de imprensa (continuidade provisória até nova lei). 

 • 23 de novembro de 1826 — Carta de Lei que ratifica a Convenção Brasil–Grã-Bretanha visando à abolição do tráfico de escravos (um marco decisivo da diplomacia e da história social do Império).

 • Março–maio de 1826 (contexto dinástico que repercute no Brasil) — com a morte de D. João VI (10/3/1826), D. Pedro I torna-se também D. Pedro IV em Portugal e outorga a Carta Constitucional portuguesa (29/4/1826), abdicando em seguida (2/5/1826). Isso atravessa a política do período e ajuda a entender tensões do Primeiro Reinado.

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Centenários do Brasil em 2026 (1926 → 100 anos):

 PERÍODO REPUBLICANO

 • 3 de setembro de 1926 — Emenda Constitucional de 1926 (a grande revisão da Constituição de 1891): altera regras de intervenção federal, veto parcial, e redefine aspectos de competências e garantias (tema muito lembrado no debate sobre habeas corpus e crises da Primeira República).

 • O fato histórico central de 1926 é que o Brasil, no governo Artur Bernardes, retirou-se da Liga das Nações — com comunicação formal em junho de 1926 (muito frequentemente datada em 10 de junho de 1926), após a frustração do pleito brasileiro por um assento permanente no Conselho.

• ⁠15 de novembro de 1926 — posse de Washington Luís na Presidência da República (início do governo que culminará, quatro anos depois, na ruptura de 1930).

 • 1926 (Tenentismo / Coluna Prestes) — ano decisivo da marcha da Coluna, com episódios e deslocamentos documentados ao longo do país (inclusive com manifesto distribuído em 1926 e etapas datadas em janeiro/outubro). (Pesquisa C.M).

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A CRISE DE CREDIBILIDADE NO BRASIL E OS CAMINHOS PARA 2026
O Brasil fecha o ano de 2025 em sua pior posição histórica no Índice de Percepção da Corrupção, caindo para 107º entre 180 países, e abrindo as cortinas de 2026 sob uma teia de escândalos, tensões e controvérsias.   A lista é pródiga, destacando-se neste momento a perspectiva de Lula vetar a PEC da Dosimetria, pela qual Câmara e Senado chegaram a um bem-bolado casuístico para reduzir a pena de condenados pela tentativa de golpe de Estado, entre eles, Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses por liderar a trama golpista.   Outro destaque negativo é o caso do Banco Master, que promete desencadear uma avalanche de denúncias sobre figurões da política e chegar ao coração do STF, por meio das notícias de suspeição de conflito de interesses e falta de transparência envolvendo os ministros Alexandre Moraes e Dias Toffoli e a instituição liquidada pelo Banco Central, em função de fraudes bilionárias.     A tensão atinge os três poderes da República – Executivo, Legislativo e Judiciário –, justamente no momento em que a credibilidade das instituições mostra-se essencial para o fortalecimento da Democracia, mediante as eleições gerais de 2026. Nem mesmo uma das marcas mais respeitadas do país, as Havaianas, conseguiu escapar do ambiente altamente conflitivo e polarizado, tornando‑se alvo de uma onda de cancelamento após seu comercial de fim de ano com a atriz Fernanda Torres ser interpretado como crítica ao posicionamento político conservador.   Neste fechamento de 2025, as polêmicas mais comentadas na mídia e redes sociais abrangem, portanto, temas que vão das arenas política e institucional (mandatos cassados, debates legislativos), culturais e ideológicas (boicote de marcas, polarização) até problemas sociais mais amplos (violência contra mulheres, percepção pública de corrupção).   Vamos a mais alguns deles.   Em 18 de dezembro de 2025, a Câmara dos Deputados cassou o mandato de Eduardo Bolsonaro (filho do ex-presidente) e de Alexandre Ramagem (ex-chefe da ABIN), por faltas e desobediência vinculadas a processos da Justiça relacionados à tentativa de golpe de 2023. Há ainda investigações sobre desvios e megafraudes em instituições brasileiras, inclusive com parlamentares propondo medidas que poderiam dificultar ações penais contra congressistas — como a malfadada “PEC da Blindagem”, que acendeu alertas de especialistas contra a corrupção legalizada.     Em 2025 também houve ofensivas da Polícia Federal contra esquemas de benefícios do INSS, resultando na queda de chefes de órgãos e bloqueio de bens no valor de mais de R$ 1 bilhão em operações relacionadas à corrupção administrativa. Outras notícias incluem casos de vereadores e agentes públicos denunciados por associação com facções criminosas ou por facilitar ilícitos em presídios.      Algumas perguntas teimam em mexer com a consciência dos mais indigna­dos: pode-se, afinal, esperar por um processo de depuração da vida dos atores públicos? Pode-esperar que parlamentares e juízes passem a se guiar por um rígido controle ético?   A resposta, convenhamos, é complexa e, de pronto, esbarra na lição de Maquiavel: “Nada é mais difícil de executar, mais duvidoso de ter êxi­to ou mais perigoso de manejar do que dar início a uma nova ordem de coisas. Na verdade, o reformador tem inimigos em todos os que lucram com a velha ordem e apenas defensores tépidos nos que lucra­riam com a nova ordem”.   Sejamos realistas. Há poucos reformadores nas instituições políticas e nas Cortes judiciárias. Entre os que apregoam mudanças, uns apontam para medidas pontuais e momentâneas, cujo escopo não abriga a matriz das mazelas, e outros há que nem sabem por onde se chega ao caminho das mudanças.   Sob esse feixe de hipóteses, três vertentes se apresentam como as mais prováveis na esfera das ocorrências futuras: a primeira é de que as crises serão ultrapassadas pelas próximas; a segunda, ancorada ainda na banalização, mostra o brasileiro cada vez mais impermeável à bar­bárie da política; e a terceira, regada a esperança, põe fé na crença de que uma flor pode nascer no pântano.   As duas primeiras vertentes são maléficas para o caráter nacional. Comparam-se à maldição de Sísifo. Condenado a carregar uma pedra sobre os ombros e depositá-la no cume da monta­nha, o matreiro rei de Corinto jamais iria conseguir o feito. O castigo que os deuses lhe deram no Hades, o mundo dos mortos, era recomeçar a tarefa todos os dias por toda a eternidade.   O brasileiro carrega algo de Sísifo: quando acredita que a situação começa a melhorar, tudo desanda e ele precisa recomeçar. Esse ciclo constante de expectativas frustradas endurece seus instintos e o torna indiferente até aos acontecimentos mais graves. É o peso psicológico que a crise impõe à alma nacional: da sensação de repetição infinita e da percepção de que a corrupção segue intacta, o brasileiro reforça sua descrença no sistema.   Precisamos, no entanto, criar condições para que se manifeste a terceira vertente, formando um pacto republicano que reacenda a esperança via o fortalecimento dos princípios constitucionais gerais (como soberania, cidadania, isonomia e pluralismo político, entre outros) e da moralidade pública (ética, transparência e legalidade), dirimindo tensões e favorecendo a democracia.  
Gaudêncio Torquato é escritor, jornalista, professor titular da USP e consultor político

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