CÂMARA REJEITA REQUERIMENTO PARA ESCLARECER REFORMA DO MUSEU DE TATUÍ

Este fotolito do Jornal Integração fez parte do acervo do semanário para realizar uma mudança radical no sistema gráfico dos jornais de Tatuí. Embora instalado na segunda metade do século XX, pela sua praticidade em fotografar as páginas para o sistema offset, o jornal experimentou outra fase da tecnologia e superou a pré-impressão de jornais que ainda utilizavam tipos móveis. Esses tipos foram invenção de Johannes Gutteberg, por volta do ano de 1.439. Diante da recusa de Rogério Vianna, a máquina foi vendida para a Decor Lion, empresa de comércio de antiguidades, instalada em Tatuí, na Praça São Martinho, 11. A intenção dos antiquários Sérgio, Israel e Taulascas é deixar o fotolito em exposição na sede da Decor Lion. Como são empresários e a finalidade é compra e venda de peças históricas, o fotolito corre o risco de sair de Tatuí e, por um significativo valor pecuniário, adornar alguma  grande loja que comercializa materiais fotográficos. Nos Estados Unidos (EUA) é normal máquinas antigas, relacionadas à atividade comercial,  servirem de atração ao público que frequenta o estabelecimento.

Na segunda-feira (12), o vereador Kelvin Joelmir de Morais (PT), ao ocupar a tribuna da Câmara Municipal de Tatuí, justificou seu requerimento para solicitar uma Audiência Pública, com a finalidade de discutir a pretensa “reforma” do Museu Histórico de Tatuí. A Secretaria Municipal de Cultura está munida de  um projeto para transformar o prédio da centenária Cadeia Pública, inaugurado em 1920, em local exclusivo para homenagear o escritor Paulo Setúbal. Nesta sexta-feira, no período da tarde, um representante deste jornal visitou o Museu Histórico Paulo Setúbal, na Praça Manoel Guedes. A paginação de todas as salas disponíveis está tal qual a administração do ex-prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo deixou como legado à memória histórica de Tatuí. Tudo está em perfeito estado e não necessita de modificação. Se esta acontecer será apenas para cultuar a vaidade do idealizador desse projeto.  Pelo que se observa no museu, as entidades que analisam o projeto exibido pelo secretário-adjunto Rogério Vianna (Cultura), deverão perceber que, além de desperdício de dinheiro público já investido na administração de Gonzaga, esta “reforma” vai prestar um desserviço à população de Tatuí.

A Secretaria Municipal de Cultura deixa transparente que está atenta aos R$ 260 mil, a ser doados pela família Setúbal (Itaú).  Rogério Vianna alardeia que os dois andares superiores do museu serão repaginados, somente para homenagear o escritor tatuiano. No entanto, esquece que essa famigerada “reforma” compromete a memória histórica de Tatuí. A atual concepção do museu retrata uma era de Tatuí e peças raras, de importância histórica, servirão para futuras gerações conhecer o trabalho de seus antepassados. Para se ter ideia da falta de cognição com a importância do museu, pelos atuais dirigentes da Secretaria da Cultura,  uma importante maquete do “Teatrão”, de autoria do professor Acácio Vieira de Camargo, não se encontra mais em exposição. Esta construção, edificada em Tatuí no Jardim da Santa, foi alvo de muita polêmica da forma como foi demolido (hoje está instalada uma praça de alimentação).

Requerimento rejeitado – Como o prefeito Miguel Lopes possui a maioria na Câmara Municipal, o requerimento do petista Kelvin foi rejeitado. Essa atuação dos parlamentares contrários à convocação do secretário Douglas Dalmati Alves Lima (Cultura), para depor no Poder Legislativo, demonstra que hoje a população de Tatuí convive com um governo autoritário e que não pretende dar satisfação de seus atos. Privilegiar o mistério sobre ações administrativas, não é atuação normal em governos que devem ser norteados pela seriedade. No entanto, os vereadores da minoria do legislativo tatuiano não estão com as “mãos atadas”. Um dispositivo constitucional garante o Direito das Minorias”, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Essa decisão da Suprema Corte do Brasil, permite que o Poder Legislativo, em todas as esferas,  abrir uma Comissão Municipal de Inquérito (CEI), com apenas 1/3 das assinaturas dos vereadores (em Tatuí, seis votos), um fato determinado (no caso, o Museu Histórico de Tatuí) e por tempo fixado. Por outro lado, a abertura de uma CEI pode ter efeito político muito mais explosivo do que uma simples Audiência Pública, como requer o vereador Kelvin (PT) e teve seu pedido recusado.

Na tribuna da Câmara, ao ver seu pedido rejeitado, Kelvin afirma: “Já ficamos sabendo de algumas ações que serão realizadas nesse projeto, como a atualização do logotipo e da identidade visual, a paleta de cores, adaptações de acessibilidade ao Museu, reforma física do primeiro e segundo andares e uma nova proposta expografica, com ênfase na história do Museu e da cidade, inclusão de personagens relevantes da cultura local, valorização e ampliação do espaço educativo”.

A INTENÇÃO É “MODERNIZAR O

PRÉDIO HISTÓRICO”, DIZ VEREADOR

Durante a discussão da rejeição do requerimento do petista, o vereador “Paulinho Motos”, da ala do prefeito, em seu pronunciamento na tribuna, deu uma  derrapada em suas palavras e não conseguiu esconder sua intenção de não deixar a Câmara discutir o projeto de “reforma”. E achou que poupou o Secretário Municipal da Cultura de prestar esclarecimento na  Audiência Pública. Diz o parlamentar na tribuna: “O vereador Kelvin e outros vereadores fizeram questionamentos sobre o nosso museu. É algo importante, mas o órgão municipal de Cultura está trabalhando para atualizar, conforme o nosso secretário adjunto Rogério Viana, visando modernizar e valorizar o Museu. Na terça-feira passada, o projeto foi apresentado ao Conselho Municipal de Turismo. Na quinta-feira, ao Conselho Municipal de Políticas Culturais. E esta semana será apresentado ao Conselho Municipal do Patrimônio. O projeto respeita um plano de 2009 e não vai fechar museu “coisa nenhuma”. Vai modernizar”, concluiu. Mas, o edil não explicou onde vai parar o acervo do museu, coletado pelo tatuiano Nilzo Vanni e doado por famílias, para dotar a cidade com sua memória histórica.

Nota da redação: Esta celeuma iniciou quando o jornalista José Reiner Fernandes foi doar equipamentos do jornal ao museu de Tatuí. Rogério Viana recusou a oferta e mostrou o projeto de investimento de R$ 260 mil da família Setúbal (Itaú

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