
O prédio do Museu Histórico “Paulo Setúbal” foi inaugurado em 1920, com a finalidade de funcionar como cadeia pública. Durante muitos anos, condenados no Fórum, que ocupava o pavimento superior, cumpriram penas em oito celas no térreo e os detidos, por prática de baixo potencial ofensivo, eram confinados no porão, até passar seu mal estar etílico. Com a desativação desse sistema carcerário, o majestoso edifício na Praça Manoel Guedes foi transformado em museu, com a finalidade de guardar, em suas dependências, o que foi Tatuí, desde de fundação em 11 de agosto de 1826.
Na quarta-feira (7), o Jornal Integração tomou conhecimento sobre um projeto, já definido pela Secretaria Municipal de Cultura, que coloca em risco a tradição histórica de Tatuí. Rogério Viana, secretário adjunto da pasta, informou que todas as peças do museu, sem exceção, vão ser “encarceradas”, e o que deixou transparente, a uma pena de “prisão perpétua “, em alguma parte do porão, escondidas dos olhos do público.
Viana exibiu para a imprensa, um projeto delimitado, já em início de execução, com a finalidade exclusiva de dedicar ao escritor Paulo Setúbal, todas as dependências do Museu Histórico de Tatuí. O servidor municipal alega que a família Setúbal, do banco Itaú, vai destinar R$ 260 mil para essa edificação. Questionado pelo jornal, se essa iniciativa vai extinguir o museu de Tatuí, Viana responde que os conceitos de museus modernos não há mais exibição de peças do acervo permanente.
Um verdadeiro tiro na história de Tatuí
Se concretizar essa iniciativa da Secretaria Municipal da Cultura, o Museu Histórico não mais existirá e os atuais responsáveis por essa pasta vão dar um tiro no coração da memória histórica de Tatuí, sepultando-a para sempre no porão do majestoso prédio edificado em 1920.
A captação de objetos e documentos que compõem o acervo permanente foi iniciativa do tatuiano Nilzo Vanni. Ele enxergou a necessidade de preservar a história e cultura do povo tatuiano. Na década de 1960, pela credibilidade do sobrenome Vanni no município, famílias tatuianas se despojaram de bens de seus familiares e antepassados, para que Nilzo concretizasse sua obra. O museu nasceu pequeno, em um prédio onde hoje está instalada a Casas Bahia, na Praça de Matriz. Para reunir o atual acervo, Nilzo Vanni dispendeu um difícil e abnegado trabalho, para garantir às gerações vindouras o conhecimento sobre seus antepassados. Todas as administrações municipais se preocuparam em garantir à Tatuí seu passado histórico. Na administração do ex-prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo, o museu passou por reforma e repaginação. Houve a preocupação em dar o devido valor às pessoas, fatos e objetos que estão no acervo do museu de Tatuí.
Se a atual administração pública executar esse estranho projeto, demonstra um verdadeiro desapreço ao passado histórico do município. Além de forte carga de ignorância aos cidadãos que ajudaram a construír a “Cidade Ternura”. Deverá ser vergonhoso para os habitantes, se Tatuí chegar aos seus 200 anos (2026) de fundação, sem o seu Museu Histórico. Os museus desempenham um papel crucial para uma cidade e serve como guardião da história, cultura e identidade de seus habitantes. São espaços de aprendizagem, preservação e promoção do conhecimento. E sua finalidade é para contribuir para o desenvolvimento social e cultural da comunidade. Essa casa de cultura exibe objetos, documentos e a história da trajetória de uma cidade e contribui para a valorização do seu patrimônio cultural.
Esse projeto da administração do prefeito Miguel Lopes ainda não foi concebido e pode ser impedido. E nada obsta para que a Secretaria Municipal de Cultura encontre outro local na cidade, para edificar suas aventuras e gastar os R$ 260 mil que serão doados pela família Setúbal.
A população de Tatuí, através de suas principais lideranças políticas, clubes representativos e cidadãos, preocupados com a preservação histórica da “Cidade Ternura”, deve se mobilizar e impedir que esse verdadeiro atentado se concretize aos valores, tradições e à memória depositadas no acervo do Museu Histórico” Paulo Setúbal”.

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