EDIÇÃO 2291 – 10-8-2024
Na semana passada, a advogada Carla Moura, em duas entrevistas à Rádio Notícias de Tatuí, disse textualmente que os R$ 300 mil que o deputado federal Carlos Zarattini (PT) depositou na conta da Prefeitura foram empregados em asfalto de péssima qualidade.
O assunto “hemodiálise” volta à tona, agora nas vésperas das eleições, quando os candidatos já estão definidos. O Ministério da Saúde depositou R$ 800 mil na conta da Prefeitura Municipal. R$ 500 mil enviados pelo ministro Alexandre Padilha, para procedimentos de alta complexidade, e R$ 300 mil, através de Emenda Parlamentar do deputado Zarattini. O parlamentar, através de um vídeo, publicado na Internet por esse semanário, afirma que essa emenda destinava-se ao início do funcionamento da Nefrotat, moderna clínica já concluída no Jardim Thomaz Guedes, em Tatuí. Acompanhado de Glaucia Moura, sua assessora na cidade, o deputado alerta: “espero que a Prefeitura invista na hemodiálise, para atender pacientes renais que têm que deslocar para outros municípios para realizar seus tratamentos”.
Pelo depoimento da advogada Carla Moura à rádio, os R$ 300 mil foram aplicados em asfalto e não para tratamento de doentes crônicos renais. Hemodiálise é um tratamento em que uma máquina filtra o sangue, porque o rim não funciona e a pessoa pode viver ainda muitos anos. Os diabéticos são os mais necessitados e já existe caso de uma mulher na cidade, que viveu 17 anos passando pela hemodiálise. O maestro Antonio Carlos Neves Campos, após sua saída do Conservatório, foi também paciente desse tratamento.
Segundo consta, o doente crônico renal tem que passar três vezes por semana pela máquina. Outra solução seria transplante de rim. O pai do João, contador aposentado da Prefeitura, aos 82 anos, fazia diálise em São Paulo e se locomovia com os veículos da frota municipal. João explicou para a reportagem do Jornal Integração que, no final do dia, ele chegava tão debilitado que não conseguia nem segurar a colher para jantar. E esta situação ocorre com mais de 90 pessoas residentes em Tatuí, que têm que se locomover para outras cidades, com os veículos da frota. Esses dados foram confirmados pela advogada Carla Moura no seu depoimento à Rádio Notícias. Ela foi enfática: – “Diante da falta de empenho da Prefeitura Municipal em assinar o documento de contratualização com a Nefrotat, estou comprando essa briga para essa instalação em Tatuí”. Ela é petista e representa o Ministério da Saúde na Superintendência em São Paulo. Em seu depoimento à emissora, diz que o Ministério já dispensou a clínica do dr. Alcyr Ferrari de realizar a “média histórica” para seu credenciamento. E o SUS está autorizado a pagar os custos com tratamentos pelo Governo Federal.
Sem citar o nome do vereador Antonio Marcos de Abreu, que ultimamente defende na tribuna da Câmara Municipal os entraves criados pela Secretaria Municipal de Saúde, para impedir o andamento do processo, afirma:
– Os R$ 300 mil foram gastos em asfalto, mas os R$ 500 mil foram destinados para ser aplicado em atendimento de alta complexidade. A municipalidade não responde onde está esse dinheiro e ainda debocha com a Câmara, mandando procurar no Portal da Transparência. A saúde de Tatuí ainda não possui atendimento de alta complexidade. Se esse dinheiro não estiver no cofre da Prefeitura, o desvio de finalidade pode render uma ação por improbidade administrativa ao responsável, se for aplicado em outra finalidade” afirma Carla Moura.
Vereador tirar justifica posição da Prefeitura
O vereador Antonio Marcos de Abreu, vice-prefeito na chapa de Miguel Lopes, candidato à reeleição, desafiou a oposição na tribuna da Câmara e postou o vídeo na sua rede social. Ele diz que a Nefrotat não tem Alvará Sanitário de Funcionamento e desafia a oposição, como em um ringue da proibida briga de galo, para que o dr. Alcyr Ferrari apresente esse documento.
Para quem em 2022, quando presidia a Câmara Municipal, era a favor da abertura da clínica, esse empenho ferrenho em não querer que o Governo Federal abra o centro de tratamento, dá margens a especulações. Ele se vangloria de ter ido falar com o secretário da Saúde do governo Tarcísio de Freitas e este prometeu contratar o serviço da clínica.
Sua mudança de posição em relação a 2022, torna ainda mais estranho seu comportamento. Por sugestão do jornalista José Reiner Fernandes, diretor do Jornal Integração, o então presidente do Poder Legislativo destinou R$ 500 mil da sobra da verba legislativa, para aplicar na clínica de hemodiálise. Um vídeo dessa sessão mostra o então presidente Antonio Marcos de Abreu explicando aos vereadores como iria funcionar a doação dessa verba à Nefrotat. Ele esclarece que os R$ 500 mil atenderiam 26 pacientes, durante seis meses, com a finalidade de formar a “média histórica”. E vai mais além. Informa que o Ministério da Saúde poderia dispensar esse procedimento. Que conversou, por nove minutos, com Kely Cristiane Schettini, diretora de saúde de Sorocaba, e ela não via impedimento de a Prefeitura de Tatuí fazer a contratualização com a clínica, pois esse processo já funcionava com a Santa Casa, para atender pacientes do SUS.
O vereador Antonio Marcos de Abreu deveria dar satisfação ao eleitor tatuiano porque não foi concretizada a contratualização com a Prefeitura. O dr. Alcyr Ferrari, cobrado agora por um Alvará Sanitário, fez um investimento de milhões para construir a clínica e dotar Tatuí com esse moderno centro de tratamento. Uma pessoa ligada ao empreendimento desabafou com o Jornal Integração:
– Se o vereador Marquinho tivesse agido, a clínica já estaria funcionando há muito tempo.
E um assinante deste semanário há 45 anos, ao vir à redação para publicar um anúncio, disse que evita ler as notícias sobre a hemodiálise e justifica:
– Ver vereador aparecer em igreja e não resolver nada, só desilude nós tatuianos.
Parlamentar de 300 mil é destinada ao Centro de Hemodiálise de Tatuí.
não possui Alvará Sanitário. (Créditos: Instagram do Vereador)
que a Nefrotat poderia funcionar e depois muda de ideia.

