ALUNOS VISITAM O QUE SOBRA DO “CASARÃO DOS GUEDES”

EDIÇÃO 2274 – 6-4-2024

            Na quarta-feira (3), alunos do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental da “EE Chico Pereira” visitaram o “Casarão dos Guedes”, na Rua Coronel Aureliano de Camargo, esquina com a Nhonhô da Botica, região central de Tatuí. Esta atividade faz parte do “Projeto Eletiva Herança Cultural”, idealizado pelas professoras Elisângela Diniz e Eliete Souza. Norberto Franco Cardoso Júnior  informa a este semanário que essa ação cultural objetiva promover, valorizar e disseminar a história de Tatuí. E visitar pontos turísticos para que alunos conheçam os valores históricos da cidade onde vivem e participam da comunidade. Nesta visita, na manhã de quarta-feira, os alunos foram acompanhados por Cristina Manis, Elisângela e Eliete.  Eduardo Guedes, bisneto de Manoel Guedes, orientou os alunos com a sua versão da história do “Casarão”.

            Inconformismo – O “Casarão dos Guedes” faz parte da história da Fábrica São Martinho, que entrou em atividade em 1860. Com a morte prematura de Martinho Guedes Pinto de Mello, seu filho, Manoel Guedes, seguiu seus ideais e construiu a tecelagem com denominação em homenagem a seu pai.  O município de Tatuí já tinha o privilégio de contar com a antiga Estrada de Ferro Sorocabana, meio de transporte oportuno para desenvolver as ideias empreendedoras de Manoel Guedes. Para promover o desenvolvimento do município, o empresário construiu uma Companhia de Força e Luz no Rio Sorocaba, município de Cerquilho. Daí para o progresso industrial, como diz a letra do “Hino a Tatuí”, o desenvolvimento foi em um átimo de tempo. Manoel pensava também no bem estar de seus empregados. Ao lado da fábrica, na Rua Nhonhô da Botica, existe um conjunto de casas idênticas. Eram destinadas à moradia dos trabalhadores da tecelagem. O empresário contratou médicos famosos para cuidar da saúde de seus empregados, e desenvolveu a agricultura, com foco no plantio do algodão. As primeiras sementes foram importadas dos Estados Unidos e o empresário estimulou outros agricultores da região a plantar algodão e vender o produto para sua tecelagem.

            A Indústria Textil São Martinho, durante seu ciclo de produção, teve três proprietários: famílias Guedes, Meirelles e Chammas. Esta última  e seus descendentes são os atuais proprietários deste complexo de tijolos abandonados, que atravanca o desenvolvimento de Tatuí na parte norte da cidade. Neste local, foram realizados dois tombamentos pelo Condephaat: a torre do relógio da fábrica e o Casarão. As propriedades sempre estão em confronto com a Justiça do Trabalho, por passivos deixados há muitos anos.

            O “Casarão” é a relíquia histórica do século áureo da industrialização, abandonado ao sabor do tempo. Os alunos da EE Chico Pereira, na verdade, conheceram o retrato do abandono e descaso de pessoas que não pensam no desenvolvimento a cidade, principalmente nessa região. E não é por falta de interesse em resgatar esta parte da história de Tatuí. O empresário tatuiano Neto Comendador disse à reportagem deste semanário que seu grande sonho é adquirir o “Casarão” e restaurá-lo, para devolver à comunidade esse preciosismo histórico. Mas não há meios de conseguir esse intento por falta de interesse na venda. Recentemente, o administrador desse local disse que agora a intenção do proprietário é em alugar.  E não existe explicação para manter este local nobre de Tatuí ao completo abandono. As paredes da fábrica São Martinho, ao longo da Rua José Bonifcácio, já proporcionam sérios riscos de desabar. As autoridades de Tatuí devem lembrar o que ocorreu dia 20 de dezembro de 2012, 19 horas, em Sorocaba. Um muro da Cianê, também fábrica de tecidos, desabou e provocou a morte de sete pessoas, às vésperas do Natal.

Deixe um comentário