QUEM SOU EU?

EDIÇÃO 2302 – 2-11-2024

Fui da área de exatas e nasci na Inglaterra. Na minha época elaborei diversas leis. Convivi com a peste bubônica, que  infestou meu país. Faleci em 1727 e até hoje sou lembrado pelos meus estudos. Afinal, quem sou eu?

RESPOSTA DA EDIÇÃO 2301 – 26-10-2024

         Barão de Mauá (Irineu Evangelista de Sousa) (1813-1889) foi um industrial e político brasileiro. Pioneiro da industrialização no Brasil, foi um símbolo dos capitalistas empreendedores brasileiros do século XIX. Foi responsável por grandes obras, como um Estaleiro, a Companhia Fluminense de Transporte e a primeira estrada de ferro ligando o Rio de Janeiro à Petrópolis. Investiu, como sócio, nas ferrovias do Recife e de Salvador, que chegavam até o Rio São Francisco, entre outros empreendimentos.

         Irineu Evangelista de Sousa nasceu em Arroio Grande no Rio Grande do Sul em 28 de dezembro de 1813. Filho do fazendeiro João Evangelista de Ávila de Sousa e de Maria de Jesus Batista de Carvalho, ficou órfão de pai aos oito anos de idade, sendo entregue aos cuidados de um tio, capitão da marinha mercante. Entre 1821 e 1823 permaneceu internado em um colégio em São Paulo. Com 11 anos foi para o Rio de Janeiro onde se empregou como balconista de uma loja de tecidos. Em 1826, com 13 anos, já era empregado de confiança do português Antônio Pereira de Almeida. Em 1829 seu patrão passou por dificuldades financeiras e seus bens foram entregues ao seu maior credor, o inglês Ricardo Carruthers. Irineu foi em busca de novo emprego. Passou a trabalhar como caixeiro da Companhia Inglesa, especializada em importação e exportação. Em 1836, com 23 anos, dominando o inglês, Irineu Evangelista de Souza tornou-se sócio gerente da empresa Carruthers. Em 1837 seu sócio foi para a Inglaterra deixando Irineu à frente do negócio. Após 20 anos de trabalho o jovem havia acumulado uma importante fortuna pessoal.

         Em 1839, Mauá foi buscar sua mãe, sua irmã e sua sobrinha, Maria Joaquina, com 15 anos e, as três se instalam em sua chácara. Nesse mesmo ano, Mauá foi para a Inglaterra e lá comprou um anel de ouro, que presenteou sua sobrinha, era o pedido de casamento. Casaram-se em 1841 e juntos tiveram 12 filhos, dos quais 10 sobreviveram. Dona Guilhermina, sua irmã e sogra, comandava a casa, agora uma mansão na Rua do Catete.

         Em 1845, Irineu vendeu sua parte na Carruthers e adquiriu uma pequena fundição situada na Ponta da Areia em Niterói. Foi buscar recursos na Inglaterra, pois estava convencido que o Brasil deveria caminhar para a industrialização. No mesmo ano, construiu o estaleiro da Companhia Ponta da Areia, iniciando a indústria naval brasileira. Logo, multiplicou por quatro seu patrimônio.

         Em 1854 fundou a Companhia de Iluminação a gás do Rio de Janeiro, e no dia 30 de abril inaugurou 15 km da primeira estrada de ferro ligando o Porto Mauá, na baía da Guanabara, à encosta da Serra da Estrela. Entre os convidados estava Dom Pedro II, que no mesmo dia concede a Irineu o título de “Barão de Mauá“. A locomotiva recebeu o nome de “Baronesa” em homenagem à sua esposa.

         Em sociedade com capitalistas ingleses e cafeicultores paulistas, o Barão de Mauá participou da construção da Estrada de Ferro Dom Pedro II (atual Central do Brasil), da Estrada de Ferro Recife – São Francisco e a de Santos-Jundiaí. Iniciou a construção do canal do mangue no Rio de Janeiro e foi o responsável pela instalação dos primeiros cabos telegráficos submarinos, ligando o Brasil à Europa. O Barão de Mauá fundou, no final da década de 1850, o Banco Mauá, MacGregor & Cia. Em seguida abriu filiais do banco em várias capitais brasileiras, e também nas cidades de Londres, Nova Iorque, Buenos Aires e Montevidéu. Ajudou a fundar o segundo Banco do Brasil, pois o primeiro havia falido em 1829.

         Liberal, abolicionista e contrário à Guerra do Paraguai, o Barão de Mauá forneceu os recursos financeiros necessários para a defesa de Montevidéu quando o governo imperial decidiu intervir nas questões do Prata, em 1850, tornando-se “persona non grata” no Império. Suas fábricas passaram a ser alvo de sabotagens criminosas e seus negócios foram abalados pela legislação que sobretaxava as importações de matéria prima para suas indústrias. Em 1857 seu estaleiro foi criminosamente incendiado. O Barão de Mauá foi deputado pelo Rio Grande do Sul em diversas legislaturas, mas renunciou ao mandato em 1873 para cuidar de seus negócios ameaçados desde a crise bancária de 1864. Apesar de todas as realizações, o Barão de Mauá terminou falindo.

         Em 1874, Irineu recebeu o título de Visconde de Mauá. Em 1875, com o encerramento do Banco Mauá, viu-se obrigado a vender a maioria de suas empresas a capitalistas estrangeiros. Doente, sofrendo com a diabetes, só descansou depois de pagar todas as dívidas encerrando com nobreza todas as suas atividades, embora sem patrimônio. Barão de Mauá, faleceu em Petrópolis, Rio de Janeiro, no dia 21 de outubro de 1889. (Por Dilva Frazão – Biblioteconomista e professora – Site EBiografias).

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